Nestes tempos difíceis, a arte pode acompanhar-nos de maneira ideal. Ser criativo e ativo ajuda-nos a olhar positivamente para o futuro, principalmente agora que estamos restringidos no contacto social e com a pergunta de como continuar. Sugiro algumas propostas que podem realizar individualmente ou com as vossas crianças.
Podem contar às vossas crianças histórias. Histórias sobre passeios, parques infantis, flores, animais, aventuras, o que a vossa imaginação ditar. Podem ser histórias já conhecidas ou novas, criadas para a ocasião. Quando ilustramos estas histórias mergulhamos no mundo da imaginação, fazemos uma viagem ao mundo da fantasia. Quando pintamos ou desenhamos, além de imaginar com o pensamento temos de tornar visíveis os detalhes e assim entramos mais profundamente na história.
A ideia é fazerem umas férias, curtas e pequeninas, dentro das quatro paredes da vossa casa!
Coloco-me à disposição para ajudar a ilustrar com simplicidade uma história contada. Podem usar o material que tiverem em casa porque o importante é vivenciar este momento criativo com as vossas crianças.
Nós, os adultos, temos de cuidar do nosso centro. O vírus atual ataca o sistema respiratório. Do mesmo modo, o sentimento de medo também ataca o sistema de respiração. O medo dos acontecimentos de agora e do futuro constrói um peso que está a apertar o nosso peito.
É importante cuidarmos de uma respiração equilibrada tanto fisicamente, com a inspiração e a expiração, como emocionalmente com confiança e esperança. A arte pode ajudar-nos a manter esta harmonia. A pintura, com as suas cores, atua positivamente no âmbito das emoções e dos sentimentos e o desenho dinâmico atua de maneira criativa e libertadora na nossa respiração. Ficam visíveis no desenho, quando realizado de maneira dinâmica, as forças de vida que atuam na nossa saúde. Assim, o desenho dinâmico estimula particularmente estas forças de vida que atuam no nosso corpo físico revitalizando-o.
Ao traçarmos uma linha como se ela fosse o vestígio de um gesto, com movimentos lúdicos, fluidos, que deixam nascer novas formas, adentramos num caminho terapêutico.
Linhas traçadas fluentemente são criativas e ativam a flexibilidade do movimento, tanto interior como exterior, atuam libertando e estimulando. Ficam visíveis as forças vitais da natureza e o efeito renovador.
O desenho de formas dinâmicas oferece pequenos exercícios que podem ser uma introdução ao desenho dinâmico. Convido-o a experienciar os seus efeitos.
1 - Um papel de formato A3. Pode ser qualquer papel, até um já usado (por exemplo, papel de embrulho ou de jornal e desenhar em cima do que está escrito.)
2 - Lápis de grafite, lápis de cor, lápis de cera, pastéis de óleo, blocos de cera. Se não tiver pode usar caneta de feltro grosso.
3 - Como alternativa pode usar 1 pincel grosso (14), sobre papel, numa superfície bem lavável, e tinta diluída, solúvel em água, como aguarela ou guache.
4 - Pode desenhar sobre uma prancha ou uma mesa.
Vamos trabalhar com a forma da lemniscata (8 deitado). Começamos com a lemniscata deitada que preenche a largura da folha. O cruzamento fica no centro da folha. Iniciamos o movimento a partir do centro da lemniscata em direção às suas alças. Terminamos o movimento sempre no centro. A forma não é grossa nem fina, deve ter uma espessura média. O ritmo do desenhar deve ser calmo e não acelerado. A mão que desenha é acompanhada pelo braço. Ambos se mexem e o corpo não dança com o movimento. O corpo vivencia e os olhos acompanham o movimento do braço e da mão. O corpo fica relaxado em atitude de escuta.
Podemos começar o movimento no ar para depois baixar o braço e desenhar na folha.
Depois de desenhar algumas vezes os oito deitados, uns sobre os outros, já estaremos familiarizados com este movimento e podemos então deslocar o movimento para cima e para baixo.
A lemniscata também pode ser vertical, um oito em pé, e assim também deslocada, para esquerda e direita.
Começamos sempre no centro e também voltamos para o centro quando paramos.
Ao executar estes exercícios iremos aprender a controlar o tamanho do traço, a área a ser executada e podemos então inventar variações.
É importante usar sempre uma superfície pelo menos de formato A3. Exercícios muito pequenos ficam apenas no cognitivo e não atuam sobre a respiração! A respiração deve ser calma e solta e acompanhar o movimento das mãos. Não pare no meio de um exercício, mas também não fique sem fôlego! Vai perceber qual é seu tempo.
Não é suficiente copiar a forma, tem de produzi-la, recriá-la com o seu desenhar dinâmico, ao seu jeito.
Pode treinar com mão direita e também com a mão esquerda.
Para os mais avançados sugiro que experimentem os oito harmónicos (forma conhecida na Euritmia). Aqui a lemniscata deitada dobra-se numa transformação lenta para cima, para criar um espaço interior.
Estes exercícios podem ser feitos durante 20 minutos por dia, não fazendo sentido fazê-los durante uma hora ou mais. Pode executá-los algumas vezes por semana, ou diariamente. Com isto fortalece as suas forças vitais e o ritmo da respiração, actuando de forma saudável no seu corpo.
Desejo a todos uma boa experiência.
Alexa Rosenbaum
arte@ephesus.pt
Tel: 918 207 671